FANÁTICO POR FUTEBOL
Era a sua primeira semana de trabalho na empresa. Seleção nas oitavas de final da copa do mundo. Jogo estilo mata-mata.
Todos combinaram de ver o jogo no escritório.
Ele chegou cedo e foi pegando um lugar no meio da sala, na frente da tv.
Todos achavam ele muito quieto, mas parecia ser boa gente. Educado e prestativo, em silêncio mas sempre sorrindo.
Começa o jogo, todos na sala.
-Onde está a garrafinha da café?
-Acho que lá dentro.
-Schhhhhhh! Vâmo pará! Ele diz virando a cabeça para trás. Todos acham estranho tal atitude, mas encaram com naturalidade.
-Pôrra! Vai, vai! Ô defesa de merda!
Os colegas de escritório estranham aquele rapaz até então tímido, falar tantos palavrões durante o jogo.
-Quem quer bolo?
-Nossa, que bolo bom! Quem foi que fez?
-Pôrra! Dá pra parar?! Vocês vieram aqui pra ver o jogo ou comer? Não tô conseguindo prestar a atenção, porra!
-Calma Inácio.
Inácio era o nome dele. Ele estava muito nervoso.
-Passa essa bola, desgraçado! Porra! Puta merda! Filho da puta! Vai, vai!!!
Todos já olhavam ele estranhamente. Aquele rapaz gritando no meio da sala não parecia nenhum pouco o estagiário tímido que não falava com ninguém.
-Inácio, quer bolo?
-Porra! Vai à merda! Olha aí. Perdi a jogada, seu filho da puta!
-Pô Inácio, pega leve aí.
Na mesma hora, a sua chefe levanta e, sem querer, para na frente da televisão tentando pegar um pouco de café sobre a mesa.
-Sai daí, sua puta! Pôrra! Sai fora! Olha lá, olha lá!
O jogo acabou e ninguém sorriu. Nem mesmo a vitória no mata-mata conseguiu fazer com que todos parassem de olhar para o Inácio. Ele se levantou quieto e foi para o banheiro.
Toc toc toc...
-Inácio, passa na minha sala quando saíres, ok?
-Ok, dona Lívia.
...
-Pois não, dona Lívia.
-Inácio, podes me explicar a tua atitude durante o jogo?
-Qual atitude, dona Lívia?
-Ora! Como “qual atitude”? Os palavrões, os xingamentos. A Márcia até chorou, tu não viu?
-Chorou? Não vi, não. Por que? Nós ganhamos.
Até que o Jorge ligou a tv para os melhores momentos.
-Inácio, isso não é atitude que se tem...
-Pôrra! Olha lá! Aí...quase nessa. Mas são uns putos! Mariquinha, mariquinha.
-Inácio!
-Cala a boca, puta. Olha lá!
Era a sua primeira semana de trabalho na empresa. Seleção nas oitavas de final da copa do mundo. Jogo estilo mata-mata.
Todos combinaram de ver o jogo no escritório.
Ele chegou cedo e foi pegando um lugar no meio da sala, na frente da tv.
Todos achavam ele muito quieto, mas parecia ser boa gente. Educado e prestativo, em silêncio mas sempre sorrindo.
Começa o jogo, todos na sala.
-Onde está a garrafinha da café?
-Acho que lá dentro.
-Schhhhhhh! Vâmo pará! Ele diz virando a cabeça para trás. Todos acham estranho tal atitude, mas encaram com naturalidade.
-Pôrra! Vai, vai! Ô defesa de merda!
Os colegas de escritório estranham aquele rapaz até então tímido, falar tantos palavrões durante o jogo.
-Quem quer bolo?
-Nossa, que bolo bom! Quem foi que fez?
-Pôrra! Dá pra parar?! Vocês vieram aqui pra ver o jogo ou comer? Não tô conseguindo prestar a atenção, porra!
-Calma Inácio.
Inácio era o nome dele. Ele estava muito nervoso.
-Passa essa bola, desgraçado! Porra! Puta merda! Filho da puta! Vai, vai!!!
Todos já olhavam ele estranhamente. Aquele rapaz gritando no meio da sala não parecia nenhum pouco o estagiário tímido que não falava com ninguém.
-Inácio, quer bolo?
-Porra! Vai à merda! Olha aí. Perdi a jogada, seu filho da puta!
-Pô Inácio, pega leve aí.
Na mesma hora, a sua chefe levanta e, sem querer, para na frente da televisão tentando pegar um pouco de café sobre a mesa.
-Sai daí, sua puta! Pôrra! Sai fora! Olha lá, olha lá!
O jogo acabou e ninguém sorriu. Nem mesmo a vitória no mata-mata conseguiu fazer com que todos parassem de olhar para o Inácio. Ele se levantou quieto e foi para o banheiro.
Toc toc toc...
-Inácio, passa na minha sala quando saíres, ok?
-Ok, dona Lívia.
...
-Pois não, dona Lívia.
-Inácio, podes me explicar a tua atitude durante o jogo?
-Qual atitude, dona Lívia?
-Ora! Como “qual atitude”? Os palavrões, os xingamentos. A Márcia até chorou, tu não viu?
-Chorou? Não vi, não. Por que? Nós ganhamos.
Até que o Jorge ligou a tv para os melhores momentos.
-Inácio, isso não é atitude que se tem...
-Pôrra! Olha lá! Aí...quase nessa. Mas são uns putos! Mariquinha, mariquinha.
-Inácio!
-Cala a boca, puta. Olha lá!