março 06, 2002

A BUNDA
Pelo fato de ser o que é, muitos não a dão o seu devido valor. A bunda absten-se da visão do futuro, vivendo apenas do passado. Tudo por ela, quando passa, já passou. E tudo passa, até mãos atrevidas que sismam em buliná-la quando bem encontrada.

Mas a bunda é linda. Eu gosto de bunda. Quando me perguntam qual é a primeira coisa que olho em uma mulher, respondo: depende, se estou abaixado em um ônibus lotado procurando uma moeda que caiu no chão e tenho que me segurar para não cair quando o motorista freia, são bundas. Muitas delas.

Bundas fizeram parte da infância de todos nós. Se lembram quando aquele colega que não gostávamos nos xingava de "cara-de-bunda"?
O que é um cara-de-bunda? Não faço a mínima idéia de alguém sem olhos, bochechas grandes e uma boca, no mínimo, muito estranha.

A minha proteção de tela que parece uma. Bem de perto. Na verdade é a foto de um eclipse solar.

E se o universo for uma grande bunda? E se o Sol for um grande, como diríamos, ânus seleste?
Tudo seria diferente: o modelo atômico teria pregas, o nome da estrada seria "Rota do C...", as cores do arco-íris seriam afetadas. Creio eu que até o tempo mudaria.

Mas infelizmente temos que nos contentar com a verdade. A realidade.
por Lucas A.

março 05, 2002

TROTE
Primeiro dia de aula na faculdade. Trote em todas as unidades. Meia dúzia de veteranos que se acham espertos invadindo salas lotadas de bixos e cobrando pedágio.
- Agora todo mundo em fila!, gritou a gordinha se achando superior.
Daí, sem um pio, o bando de adolescentes recém saídos do segundo grau se enfileiraram na parede, de cabeça baixa e olhos medrosos.
- Agora, os veteranos vão recolher cinco reais de cada um e, para vocês não fugirem, entreguem um calçado que o pessoal passará recolhendo. Fiquem tranqüilos que serão entregues no final da brincadeira. A gordinha gritava com muita gana. Essa era a vez da sua vingança. Ela passara por tudo isso no semestre passado.
Ouvindo a arruaça no corredor, formandos se aproximaram da fila de mulheres calouras e, olhando de cima a baixo com um sorriso irônico, faziam comentários em voz alta sobre os peitos de uma ou a bunda da outra.
Mas além de gorda, com a voz estridente, antipática e horrorosa, a gordinha que comandava a Gestapo universitária era sarcástica.
- Aquele ali tem uma perna mecânica! Arranquem a prótese dele, assim não tem como fugir! Hahahahaha.
- Cris, Cris, e aquelas irmãs siamesas? De quem eu tiro o sapato e quanto dinheiro recolho?
- Essas aí não têm vez. Tira os dois e cobra dez reais.
A gorda Cris não tinha a menor piedade.
por Lucas A.