junho 25, 2003

dezembro 06, 2002

QUEM MATOU CHE GUEVARA

"Quem Matou Che Guevara" é o título do último livro que li, que por sinal demorei apenas dois dias para devorá-lo. É uma espécie de literatura jornalística ou um jornalismo investigativo. Como queiram. Mas o que importa é seu conteúdo, que trás à tona um fato a mais de 30 anos camuflado.
O livro de Saulo Gomes, um respeitável repórter investigativo brasileiro, conta, com a ajuda de depoimentos do General Gary Prado Salmón, militar que participou da captura de Che na Bolívia, em 1967, os últimos acontecimentos que culminaram com a prisão e morte do maior guerrilheiro de todos os tempos.
O General Gary Prado Salmón, que já foi embaixador da Bolívia no Reino Unido e México, resolveu dar seu depoimento sobre o assunto, pela primeira vez depois de publicar seu livro "La Guerilla Imolada", o qual não possui tradução em português.
A grande questão que pairava em dúvidas era a de quem, de fato, havia delatado Che quando este entrara na Bolívia, com o intuito de conquistar o povo campesino e instaurar um novo regime no país.
Mais tarde posto a história aqui.

dezembro 03, 2002

A TRISTE E FEIA HISTÓRIA DE UMA CRIANÇA MUITO FEIA!
Alcides era uma criança feia. Muito feia. Horripilante!
Quando nasceu, na maternidade municipal de Canguçu, interior do Rio Grande do Sul, a auxiliar de enfermagem, Dona Antônia, uma mulata forte e robusta, com os dentes amarelos e um óculos pendurado no nariz, deu um grito: "Puta que pariu! Mas é o capeta!!!".
Foi fitada com uma certa sensura pelos familiares da criança, mas recebeu um olhar de apoio do médico que sacudia o recém nacido pela cabeça, pensando que o segurava pelos pés.
Alcidinho nasceu magricelo, desdentado, cabeludo e com a barriguinha inchada. Mas isso não desanimou sua mãe, Giriá, parideira de dez filhos, que olhou para criança e logo viu uma semelhança com o marido, Jocemir.
Jocemir era auxiliar de obra. Pra falar a verdade, auxiliar do auxiliar do auxiliar. Ele não sabia fazer muita coisa. Só se saía bem em casa, na cama, emprenhando outra vez sua mulher.
Mas o pior estava por vir. Enquanto os familiares tomavam mate na porta do hospital, uma enfermeira entrou no quarto de Giriá e levou Alcidinho nos braços "para fazer o exame do pézinho", como lembra a mãe do garoto.
Desde então, Alcides nunca mais foi visto.
Tirei essas férias no meio do ano para vingar meu tio, o Jocemir. Ele faleceu atropelado por uma mula quando limpava as unhas com a chave da caixinha do correio. No seu leito de morte, tio Jocemir me olhou nos olhos e, com um brilho ternurante, me sussurrou: "Traga Alcides para sua tia Giriá. Sempre fui um bom pai, porém nunca consegui escrever uma carta e mandar ao Ratinho."
Essas palavras entraram em meu ouvido e se instalaram no meu cérebro como um pega-pega que gruda na barra da calça após uma corrida desesperada pelo capim alto. E desde então não sosseguei enquanto não encontrei titio Alcides.

Depois de um árduop serviço de investigação, muito suor escorrido pelo corpo e vários vales-transportes gastos, cheguei a uma bela casa, no centro de Addis Abeba, capital da Etiópia.
um mordomo com estilo europeu e pele branca veio me receber. Quando entrei na casa, me deparei com uma réplica do palácio de Versailles. A casa era riquíssima, ostentando em suas paredes inúmeras obras de autores famosos. Me identifiquei como repórter da revista Ricos & Famosos e esperei a dona da casa em um sofá de couro de zebra.
Logo uma senhora apareceu: vestido rosa pink, muito laquê no cabelo e jóias, muitas jóias. Ela falava com um sotaque francês, mas logo percebi que era falso. Malditos entupidores de pia!
Comecei a perguntar a ela sobre sua vida, seu marido e filhos. O esposo era dono de poços de petróleo na Arábia e o casal possuía apenas um filho! Nisso ouço passos vcindo em direção à sala, e logo meu coração começou a palpitar como uma xícara de café nas mãos de um portador de Mal de Parkinson.
Era ele! Os olhos e o sorriso eram da família. Era tio Alcides!
Saí correndo e o abrecei, mas titio não sabia o que fazer, pois não me reconhecia. então revelei minha verdadeira identidade e fiz sua seqüestradora, aquela bastarda, nos falar toda a verdade.
Ela havia roubado tio Alcides dos braços da mãe, Giriá. Alcides começou a juntar as peças de um enorme quebra-cabeças que apareceram em sua vida logo na infância. Depois de muita conversa, convenci titio a visitar sua família no Brasil. E aqui está a foto tirada na sala de desembarque.
Com todo orgulho, cumpri a promessa que fiz ao tio Jocemir: trouxe seu filho, Alcides, de volta!

ELE VOLTOU!
Pois bem! O nosso ilustríssimo chefe, o editor da bagaça aqui, Sr. Byrocai, está de volta. Pregamos por toda a cidade de Porto Alegre, em postes e em árvores, plaquetas de lata com os seguintes dizeres "BYROCAI BREVE VOLTARÁ", e a professia se confirmou.
Ele entrou na redação de mansinho, pensando que pegaria algum lacaio na gandaia. Mas nós o pegamos primeiro.
Veja aqui, o exato momento em que o Sr. Byrocai adentrava na redação.


Depois de uma viagem pela Etiópia, o nosso caro e magnífico editor chefe conheceu o seu tio que foi roubado na maternidade algumas horas depois do nascimento.
Leia logo acima essa triste história de uma criança feia que não conheceu sua horripilante família!

agosto 22, 2002

A BUNDA

Pelo fato de ser o que é, muitos não a dão o seu devido valor. A bunda absten-se da visão do futuro, vivendo apenas do passado. Tudo por ela, quando passa, já passou. E tudo passa, até mãos atrevidas que sismam em buliná-la quando bem encontrada.

Mas a bunda é linda. Eu gosto de bunda. Quando me perguntam qual é a primeira coisa que olho em uma mulher, respondo: depende, se estou abaixado em um ônibus lotado procurando uma moeda que caiu no chão e tenho que me segurar para não cair quando o motorista freia, são bundas. Muitas delas.

Bundas fizeram parte da infância de todos nós. Se lembram quando aquele colega que não gostávamos nos xingava de "cara-de-bunda"?
O que é um cara-de-bunda? Não faço a mínima idéia de alguém sem olhos, bochechas grandes e uma boca, no mínimo, muito estranha.

A minha proteção de tela que parece uma. Bem de perto. Na verdade é a foto de um eclipse solar.

E se o universo for uma grande bunda? E se o Sol for um grande, como diríamos, ânus seleste?
Tudo seria diferente: o modelo atômico teria pregas, o nome da estrada seria "Rota do C...", as cores do arco-íris seriam afetadas. Creio eu que até o tempo mudaria.

Mas infelizmente temos que nos contentar com a verdade. A realidade.

agosto 21, 2002

O Sonho de Judith (Judith Dreams)

Judith era uma franguinha muito esperta. Ela fazia altas zonas no galinheiro.
Mas ela era uma galinha diferente, ela queria estudar em Harvard.
- Mãe...cócó...não sou apenas mais uma franga, sou uma franga inteligente.
- Judith...cócócó...você não é um ser humano. Aceite o seu destino. Um dia você vai crescer e ficar botando ovo sem parar. Vai ter hemorróida e morará em uma gaiolinha com a metade de sua altura para engordar bastante.
- Que engordar nada, mãe! Quero ser uma galinha sarada, graduada em Harvard e tal...
- Minha filha, um dia sua bisavó foi parar num espeto giratório, sua avó também. Um dia eu irei para lá e você também irá.
- Não quero saber, mãe..cócó! Sou uma franga diferente. Vou freqüentar a escola.
Judith se matriculou numa escolinha de primeiro grau. Ela estava decidida a se tornar mais que uma simples galinha, mas uma galinha instruída. Estava disposta a passar sobre qualquer preconceito que, inevitavelmente, seria vítma.
- Daniel...
- Presente!
- Ítalo..
- Aqui
- Judith..
- Cócó...
Hahahahahaha....
- Crianças, parem de rir da Judith.
- Não tem problema, professora. Isso é apenas um reflexo involuntário instigado pelo córtex espelhado na probabilidade de uma pseudofunção mental do estímulo psicossomático de uma mentalidade inferior.
- Nossa, Judith! Onde você aprendeu isso?
- Simples, professora. Nas minhas horas vagas, ao invés de eu fazer como essas crianças débiomentais humanas de sair correndo atrás de uma esfera ou ficar me iludindo com uma boneca de plástico, eu leio freud e um compêndio de psiquiatria.
Passaram-se os anos, e Judith acabou o segundo grau. Conseguiu uma bolsa integral para Harvard e passagens de avião.
- Judith, minha filha...cócó...sentiremos saudades!
- Fica fria, mãe. Prometo que te mando email todo o dia.
Judith embarcou no avião e abanou com a asa para sua mãe que se esvaía em lágrimas pela despedida de sua filha.
Chegando nos EUA, ela se dirige para o campus da universidade. Procurou um restaurante para fazer o desjejum.
- Hei man...cócó...a cup of corn, please.
- Hei, Gonzáles...What do this fuck chiken do here, man?!?!
- Desculpa-me, señor...biene cá, galinhazita!!!
Scraft...schurrrft...cócóóóó.....
Judith realizou seu sonho, entrou em Harvard. Mas seguiu a tradição de família, acabou num espeto giratório.
Nas Entranhas do Lar

Fazia horas que a minha mãe me pedia para pendurar aquele quadro na parede:
-Pô, guri!...já te pedi umas mil vezes pra tu pendurar essa merda aí!
-Bah, mãe, foi mal. Eu me esqueço.
-Ahã....pra sair poraí correndo china tu tem memória, né, seu cretino.
-Tá mãe. Não enche o saco!
Peguei um prego e um martelo e comecei a furar a parede.
Páaaa
Páaaa
-Hummmmmmmm!
-Ahhh, guri! Martelou o dedo?
-Que dedo, mãe...não viaja! Tu que tá me sacaneando.
Páaaa
-Hummmmmmm!
-Ô guri, mas tu não sabe nem pregar um preguinho?!?!
-Sai fora, mãe. Me deixa em paz! Que barulho é esse? É tu?
Páaaa
Páaaa
-Hummm, aiiiiiiii....aaaaaaaaahhhhh!
Nisso um filete de sangue começa a escorrer do buraco do prego.
-Manhêêêêê!!!!!!!!!!! Vem cáaaaaaaa!
- O que tu qué, guri?
- Olha isso aqui!
- Que é isso?? Tu te cortou?!?!
- Cala a boca mãe...tá escorrendo da parede!!!
- Não fala besteira!
- Sério! Tô me cagando!!!!!!
- Me dá isso aqui!
Páaaa
Páaaa
- Hummmmmmmmmm........
- Aaaaaaaaahhhhhh...o que é isso? Tá vindo aí de dentro!!!
- Me dá aqui o martelo!
Páaaaa
Páaaaa
Páaaaa
- Guri! Olha o que tu tá fazendo com o reboco!
- Cala a boca, mãe. Me traz a marreta!
- Tu tá loco?
- Porra, mãe! Tu não tá vendo que tem alguém aqui atrás????
- Ai, guri. Não me assusta!
- Porra! Busca a merda da marreta logo.
Nessas alturas a parede já estava toda rachada e encharcada de sangue.
Bhouuuuum
Bhouuuuum
Bhouuuuum
O apartamento todo tremia com as minhas marretadas. Minha mãe histérica, estava gritando comigo com medo da parede toda cair.
- Porra, mãe! Tu tá preocupada com a merda da parede? Não te ligou que tem alguém aí dentro?!?! Pára de chorar!!!!
Bhouuuuum
Bhouuuuum
Consegui abrir um buraco. Dei uma espiada e ví um vulto.
- Mãeeee! Busca a faca! Tem um cara aqui!
- Desculpa me señor! Yo no tenho...
- Que é isso?!?!?!?!
- Mãeeeeee , a faca! Tem um argentino aqui!!
- Señor....perdon....no machuca me....
- Pega guri...!!!
- Ok....quen és tu? Mãe, fala com o cara!
- O que vou falar? Vou chamar a polícia!
- Espera, cacete! O cara tá mais cagado que eu! Qual tu nombre?
- Desculpaaa sssssseñor!!!!
- Espere! Quen és tu?
- Yo soy Ramirez. Te vou contar...no machuca me!!!!!
- Calma, sai daí. Se tentar alguma coisa eu te detono na marretada!!! Mãe, pega a faca. Qualquer coisa, fura o paraguaio!
- Não faz isso, eu tô com medo!
- Porra, mãe! Cala a boca!!! De onde tu veio? Como tu veio parar aí dentro? Tu é ladrão? Vou te quebrá!!!
- Yo soy de Puerto Rico.....yo queria vir para América....
- Que América o cassete!!!! Isso aqui é Brasil, porra!
- Brasill?!?! Acá ser Brasil?!?!?!?!
- É, uruguaio...onde tu pensa que tá?
- Espere senõr...te contarei! Yo estava em puerto del Porto Rico com mi primo Raul. Iríamos nos esconder num navio de uma empreitera americana para poder entrar na América. Acá é Brasil?!?!
- Cacete mesmo! Esse chileno perdido aqui! Mas como tu tá dentro da minha parede?!?!?!
- É porto-riquenho, guri!
- Não me interessa!!! Como tu tá aí dentro?!?!
- Nós dormimos no navio que ía pra América...no sei o que aconteceu!
- Colombiano filho da puta!
- É de Porto Rico, guri burro!
- Há quanto tempo tu tá aí?
- Yo no sei mucho bien. Creo que há dos años!
- O quê??? Dois anos dentro da minha parede??? O que tu faz aí??? Tá sozinho???
- Yo y mio primo hacemos video-cassetes...
Depois de muita trova e quase esganar o cara, descobri que na verdade, ele queria entrar escondido nos EUA. Ele e o primo, viajaram clandestinos num navio de uma empreiteira americana que fechou suas filiais no Brasil. De alguma forma o barco, ao invés de ir para os EUA, veio pra cá. E eles estão aqui há dois anos e três meses pensando que isso aqui é a Porra da América!
Eles só saem de noite, por isso não falam com ninguém. Falaram até hoje só com um paraguaio que tem uma fabriqueta de aparelhos falsificados que em troca da mão de obra, lhes dá comida. O paraguaio, muito filho da puta, sacaneou eles dizendo que estavam nos EUA e a imigração já sabia deles. Eles desceram no porto e vieram no caminhão da empreiteira direto pra cá, e se esconderam dentro das fundações do prédio. Acabaram terminando a obra e os dois morando aqui dentro.
Acabei ficando amigo do cara. Era gente boa. Humilde. Fizemos os curativos na mão dele, que eu tinha furado na hora de pregar o prego. Ele tá melhor, agora.
Encontramos o primo dele, o Raul. È meio desconfiado. Saímos com eles durante o dia pra pegar um sol. Faz tempo que eles não andavam na rua durante o dia. Conseguimos uma pensãozinha pros dois e largamos umas fichas de emprego, inventadas, em algumas agências. Os caras sabem muito de eletrônica. Também, fazendo vídeo cassetes manualmente.
As vezes é melhor ficar quieto

Ela era linda. De pernas compridas, sua cintura lembrava uma pêra, sua bunda firme como uma melancia, seus belos seios como melões, sua cútis remetia à imagem de um pêssego. Ela era praticamente uma salada de frutas de tão gostosa.
Ele investiu muito para conquistá-la. Pra falar a verdade, foi preciso 10 min. e dois copos de cerveja para irem à casa dele.
Linda e com movimentos delicados, ela se esparrama na cama como um lençol de seda.
Ele não estava acreditando que aquela linda mulher, com todos seus atributos horti-fruti-grangeiros, estava ali, à sua disposição.
A noite foi longa e inesquecível. Enquanto ela dormia, ele já pensava em noivado. Jamais conhecera uma mulher como aquela. Já imaginava filhos, netos, cachorros...
Mas tudo foi por água abaixo, mergulhou num abismo, queimou no fogo, melou, derreteu, quando ela acorda nos braços dele, o olha com um breve sorriso e diz:
- Como é bom fazer um "amorzinho gostoso"!
Ele não acredita no que ouve e pergunta?
- Como é? O que você disse?
- Falei como é bom fazer um "amorzinho gostoso".
Ele dá um sorriso amarelo e fica sério. Na sua cabeça vagava o pensamento: “Como uma mulher linda como essa pode dizer 'amorzinho gostoso'?! Não há nada mais broxante do que ouvir um tal de 'amorzinho gostoso'!"
Foi o primeiro erro dela. Mas ele pensou duas vezes e achou que estava sendo exigente demais. A pegou em seus braços e lhe deu um beijo de tirar o fôlego. Mas logo foi interrompido por uma frase:
- Isso, meu "dengo"!
- O quê?, ele disse.
- Meu "dengo"!
Nossa, mais broxante que "amorzinho gostoso", só "dengo"! Ele já estava se decepcionando. Resolveu esquecer as palavras que, realmente, quebraram totalmente o clima. A mulher mais gostosa que ele já se deitara, falando esse tipo de palavras que remetem o cara a um banho frio, murchando qualquer coisa.
Mas a gota d’água veio a seguir. Ela se debruça sobre seu peito e, lhe olhando nos fundos dos olhos, diz:
- Acho que estou apaixonada por você. Nunca senti isso por outra pessoa. Tenho vontade de ficar todo o tempo contigo...
Ele não estava acreditando naquelas palavras que surgiam da boca da mulher mais linda que ele já beijou. Era óbvio que o namoro era iminente e depois daquilo ele já iria almoçar na casa da mãe dela, quando ela fala:
- Sabe, depois desse "amorzinho gostozo", um "denguinho"...isso me deixa muito "serelépe"!
Ele não se segura e grita:
-NÃAAAOOOOOOOOOO! Isso é demais pra mim! DENGO, AMOR GOSTOSO, SERELÉPE...onde você aprendeu a falar essas palavras horríveis?!?!
A mandou embora e nunca mais se falaram.

agosto 09, 2002

VORTEI!
Oi gente! Voltei. Confesso que eu estava morrendo de vontade de escrever pra vcs.
Agora vou arrumar um tempinho pra escrever todo o dia, portanto...CONTINUEM ACESSANDO!!!

Como vão? Eu estou tranqüilito no más...trabalhando muito, estudando...aquela coisa de sempre.
Sexo? Hummm, vai bem...vou bem!

Outra coisa: sobre as fotos, deu um problema no álbum do terra que eu estava usando, mas já estou providenciando outro. De tarde ponho alguma coisinha aqui.
Um beijo, e até más!

agosto 06, 2002

BYROCAI BREVE VOLTARÁ!

junho 17, 2002

FANÁTICO POR FUTEBOL
Era a sua primeira semana de trabalho na empresa. Seleção nas oitavas de final da copa do mundo. Jogo estilo mata-mata.
Todos combinaram de ver o jogo no escritório.
Ele chegou cedo e foi pegando um lugar no meio da sala, na frente da tv.
Todos achavam ele muito quieto, mas parecia ser boa gente. Educado e prestativo, em silêncio mas sempre sorrindo.
Começa o jogo, todos na sala.
-Onde está a garrafinha da café?
-Acho que lá dentro.
-Schhhhhhh! Vâmo pará! Ele diz virando a cabeça para trás. Todos acham estranho tal atitude, mas encaram com naturalidade.
-Pôrra! Vai, vai! Ô defesa de merda!
Os colegas de escritório estranham aquele rapaz até então tímido, falar tantos palavrões durante o jogo.
-Quem quer bolo?
-Nossa, que bolo bom! Quem foi que fez?
-Pôrra! Dá pra parar?! Vocês vieram aqui pra ver o jogo ou comer? Não tô conseguindo prestar a atenção, porra!
-Calma Inácio.
Inácio era o nome dele. Ele estava muito nervoso.
-Passa essa bola, desgraçado! Porra! Puta merda! Filho da puta! Vai, vai!!!
Todos já olhavam ele estranhamente. Aquele rapaz gritando no meio da sala não parecia nenhum pouco o estagiário tímido que não falava com ninguém.
-Inácio, quer bolo?
-Porra! Vai à merda! Olha aí. Perdi a jogada, seu filho da puta!
-Pô Inácio, pega leve aí.
Na mesma hora, a sua chefe levanta e, sem querer, para na frente da televisão tentando pegar um pouco de café sobre a mesa.
-Sai daí, sua puta! Pôrra! Sai fora! Olha lá, olha lá!
O jogo acabou e ninguém sorriu. Nem mesmo a vitória no mata-mata conseguiu fazer com que todos parassem de olhar para o Inácio. Ele se levantou quieto e foi para o banheiro.
Toc toc toc...
-Inácio, passa na minha sala quando saíres, ok?
-Ok, dona Lívia.
...
-Pois não, dona Lívia.
-Inácio, podes me explicar a tua atitude durante o jogo?
-Qual atitude, dona Lívia?
-Ora! Como “qual atitude”? Os palavrões, os xingamentos. A Márcia até chorou, tu não viu?
-Chorou? Não vi, não. Por que? Nós ganhamos.
Até que o Jorge ligou a tv para os melhores momentos.
-Inácio, isso não é atitude que se tem...
-Pôrra! Olha lá! Aí...quase nessa. Mas são uns putos! Mariquinha, mariquinha.
-Inácio!
-Cala a boca, puta. Olha lá!

junho 07, 2002

UM SONHO CHINÊS - IV
Em certa manhã Jack não veio ao encontro de Kun para lhe entregar os jornais.
O chinês ficou na esquina a manhã inteira esperando o seu “sócio”.
A tarde passou, a noite chegou e Kun ainda esperava por Jack.
Chiau estava com fome, então os dois saíram para procurar comida.

Por volta das dez horas da noite os dois caminhavam por uma rua do Queens, quando foram surpreendidos por um maverick escuro:
- Hei china!
Kun olhou assustado.
- Hei china, come here!
Kun pegou Chiau no colo e começou a correr. Entrou em um beco onde o carro não conseguia passar. Os homens pararam o carro e vieram atrás deles a pé.
O beco ficava entre dois prédios. Era um lugar cheio de latões de lixo e ratos. E no final, para o desespero de Kun, havia uma cerca impulável!
- Te pegamos, china. Não adianta tentar fugir. Onde está Jack?
- Eu não saber!
- Fala, seu bastardo! Fala onde está aquele desgraçado!
- Eu não sabber! Kun estava apavorado.
Nesse momento Chiau começou a latir.
- Cale a boca desse cachorro, seu chinês idiota!

Jack havia fugido. Os homens que procuravam por ele eram traficantes. Ele lhes devia muito dinheiro. Eles sabiam que Kun e Jack eram amigos e decidiram procurar o chinês. Mas o pobre imigrante não sabia de nada. Ele e seu cachorro só tentavam sobreviver.

Kun apanhou muito naquela noite. E o pobre Chiau presenciou toda a covarde agressão daqueles bandidos insensíveis.
O pobre cão lambia os ferimentos de Kun tentando assim, diminuir seu sofrimento.

Então Kun se ajoelhou, pegou Chiau em seus braços, olhou para o céu cinzento e gritou:
- Chiau Chiau, nunca mais seremos humilhados novamente. Nunca mais apanharemos, passaremos frio, sentiremos fome! A mãe América é boa mas severa. Seremos poderosos e ninguém ousará cruzar nosso caminho.
Chiau concordou:
- Aaauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!
DIRETO DA CLÍNICA DE TRASNSTORNOS - sexta-feira

VOLTEI. ONTEM FOI DIFÍCIL. O MÉDICO MUDOU A DOSAGEM DA MINHA MEDICAÇÃO. DORMI O DIA INTEIRO, MAS PELO MENOS ME DESAMARRARAM. DE NOITE TINHA CANJA DE GALINHA, MAS VOMITEI TUDO. NÃO CONSEGUI DORMIR DE NOVO ESSA NOITE. AS DORES DE CABEÇA AUMENTARAM.
AMANHÃ É SÁBADO E MINHA MÃE VEM ME VER. ESTOU COM SAUDADES DELA.
ISSO AQUI É UM LIXO. O BANHEIRO NÃO É LÁ COMO AQUELES DE HOTEL. A SERVENTE PASSA UM PANINHO E DEU!
DE REPENTE VOLTO PRA CASA NESSE FINAL DE SEMANA. VAMOS ESPERAR!

junho 06, 2002

DIRETO DA CLÍNICA DE TRASNSTORNOS - quinta-feira

BOM DIA! PASSEI UMA NOITE HORRÍVEL. O CARA DO QUARTO AO LADO DO MEU NÃO PARAVA DE GRITAR. LÁ POR UMAS TRÊS DA MANHÃ OS ENFERMEIROS ENTRARM NO QUARTO DELE E ENCHERAM O CARA DE BOLACHA. VOU RECLAMAR MENOS DO MEU ATENDIMENTO AQUI.
O MELHOR DAQUI É A SOPA E OS DESENHOS NA TV. AH, E VI FRANÇA E URUGUAI, HEHEHE...VCS NÃO.
HOJE DE TARDE TENHO CHOQUE E ME PROMETERAM ME DESAMARRAR.
AS DORES VOLTARAM, MAS O COQUETEL NÃO AUMENTOU.

junho 05, 2002

OBA! TÁ CHEGANDO A SOPINHA. DEPOIS DA SONECA EU VOLTO. VOU FALAR DA ENFERMEIRA PRA VOCÊS.
DIRETO DA CLÍNICA DE TRASNSTORNOS - quarta-feira

OI GENTE. ATÉ QUE DÁ PRA CURTIR O RIO DE DENTRO DESSE QUARTO HORRÍVEL. CONSEGUI UM MICRO DEPOIS DE MUITO CUSTO. ESTOU BEM. QUERO AGRADECER AS MENSAGENS CARINHOSAS E PREOCUPADAS. ME INTERNEI SEGUNDA-FEIRA COM FORTES DORES DE CABEÇA E UMA VONTADE ENORME DE EXPLODIR ALGUMA COISA. MAS ESTOU MELHOR. A DOR DE CABEÇA PASSOU, SÓ DÓI AGORA OS BRAÇOS POR CAUSA DAS AMARRAS DE COURO NA CAMA. MAS O DOUTOR ME DISSE QUE SE EU ME ACALMAR ELE ME DESAMARRA. TOMARA! O ELETROCHOQUE NÃO É TÃO RUIM, NÃO. O AUSTREGÉSILO AUMENTOU UM POUCO.

junho 04, 2002

QUEREMOS INFORMAR QUE POR PROBLEMAS CEREBRAIS O AUTOR DESSE BLOG ESTÁ INTERNADO EM UMA CLÍNICA PARTICULAR NO RIO DE JANEIRO.
ASSIM QUE CONSEGUIR UM COMPUTADOR CONECTADO À INTERNET, ELE CONTINUARÁ SUAS HISTÓRIAS.
DESCULPEM O TRANSTORNO E PASSEMOS BOAS ENERGIAS AO ESCRITOR.

maio 31, 2002

UM SONHO CHINÊS - III
O jornaleiro se chamava Jack. Era um afro-americano com forte pigmentação melanínica.
Jack ofereceu emprego para Kun. Em troca o chinês receberia parte do salário do jornaleiro.
Kun aprendeu rápido como se vender um jornal, embora acredito que essa atividade não seja muito difícil, e aprendeu o valor das notas de dólares, as "verdinhas" como eram conhecidas no oriente.

Chiau ficava sempre à volta de Kun. Sua primeira refeição foi "hot dog". Que ironia.

Mas o que Kun nem imaginava era que Jack usava seu tempo livre como empregador de Kun, para consumir drogas na “cracolândia” de Manhattan.
Jack era viciado desde os seus 15 anos, e agora poderia passar o dia inteiro se drogando ás custas do chinês.

Kun conseguiu alugar um quarto numa pensão no Queens. Toda manhã ele ía até o ponto de vendas de jornal e voltava só à noite para casa. Kun estava trabalhando muito mas tudo aquilo compensava pois ele agora estava na América!

Chiau passava todo o dia em volta de Kun. Ele dava umas voltas perto procurando comida.

Enquanto isso, Jack se drogava cada vez mais e, proporcionalmente, gastava o dinheiro que Kun lhe pagava. Jack estava na beira do poço.

continua...

maio 28, 2002

UM SONHO CHINÊS - II
E conseguiu. Trabalhou 3 meses feito um louco e, a muita custa de seu corpo e muito suor, ele conseguiu "comprar uma passagem" em um navio cargueiro que trazia mercadorias para os EUA.
Ainda no porto de NY, perdido entre containers e máquinas pesadas, Kun encontrou um amigo que veio junto com ele no navio. Um amigo baixinho, antipático, preto com manchas brancas, mas que logo ganharia a sua simpatia.
Chiauchiau era um cão que fugiu do mercado chinês onde era esposto como "alimento". Se não fosse seu espírito guerreiro, essa hora ele estaria sendo comido com sopa.
Eles se dariam bem na América. Kun e Chiau se tornariam amigos inseparáveis.

Kun precisava trabalhar e, ao mesmo tempo, fugir da imigração. Já Chiau precisava comer, e também fugir, só que da carrocinha de cachorros.

-Yo, man! What's up?
Kun não sabia nenhuma sílaba em inglês quando foi interrogado pelo vendedor de jornais.
-Hei man!
Com mímicas (a linguagem universal), Kun se aproximou do homem e explicou sua situação.
Admirado com tamanha hospitalidade do povo americano, Kun se surpreendeu quando o vendedor de jornais lhe ofereceu emprego.


continua...
UM SONHO CHINÊS
Yun Chei Kun era um pobre chinês de 33 anos que vivia em Seul. Ele participou das manifestações na Praça da Paz Celestial há alguns anos, quando vários de seus amigos morreram. Yun Chei veio de uma família pobre, camponeza, com vários irmãos. Cedo, ele foi para a cidade grande tentar a vida. Conseguiu, com muito esforço, entrar na universidade, mas logo teve que abandoná-la pois tinha que trabalhar, e muito.
Kun conheceu um aliciador de trabalhadores que recrutava jovens para servirem de mão-de-obra em produções de larga escala dentro de porões de navios que costeavam o litoral chinês.
Como estava desesperado e precisava mandar dinheiro para casa, Kun se viu obrigado a aceitar o convite.
Passadas duas semanas a bordo, Kun estava se sentindo muito solitário e deprimido. Cansado ao ponto de quase desmaiar, Kun se recostou no convés do navio e contemplou o litoral de sua terra querida que ele aprendeu a amar desde a infância.
Mas valia a pena todo aquele sacrifício para sobreviver em um país que não ligava a mínima para ele? Depois de muita reflexão, ele imaginou uma solução.
Kun estava decidido. Viria para a América ganhar dinheiro, morar em NY e trabalhar em Chinatown...

continua...

maio 27, 2002

Em breve Chiauchiau, o cãozinho chinês que virou jornaleiro na América.
TOP
Como é moda de fazer Tops, do tipo TOP 5 das coisas que amos, que melhor faço etc, estou lançando o TOP 10 DE COISAS QUE MAIS ME IRRITAM :1) meias sem elástico. Daquelas que a gente dá 10 passos e tem que parar só para puxar ela de dentro do sapato;
2) sair do banho e me dar conta que esqueci de trazer a toalha;
3) daí ter que me secar na mínima toalha de rosto úmida que está pendurada ao lado da pia;
4) faltar luz e a água esfriar durante o banho;
5) lavar o cabelo com condicionador;
6) tomar café com leite morno;
7) estar morrendo de fome e, na ânsia de matar a vontade, engolir a comida que está muito quente e queimar a boca;
8) ser acordado por alguém e esse alguém ficar rindo da minha cara só porque dormi demais e não sei onde estou;
9) não ter comida na geladeita quando acordo;
10) ter que conversar na hora de comer. Hora de comer é para comer.

maio 22, 2002

OI QUERIDA

Essa coisinha fofa aí é, nada mais nada menos, que a MINHA Sharon Stone.
Mesmo com um derrame cerebral, o marido atacado por um dragão de Comodo, ser perseguida por um fã e ser roubada por sua empregada, ela continua assim, linda.
Além de tudo é charmosa e inteligente. E nada, nenhum pouquinho vulgar.

maio 21, 2002

O Divino Desjejum
Mais um dia de trabalho. Mais uma cansativa manhã. Ele odiava o chefe, detestava o trabalho, cultivava um horror pelos seus colegas de escritório. Mas algo o fazia ver que o sacrifício de penetrar sua alma no inferno valia a pena.
A melhor parte do dia era a hora do café. Ele não gostava de cafeína, nem da atmosfera da pequena cozinha do escritório: uma sala de 1,50m por 1,50m, com uma pequena mesa onde repousava uma toalha velha de plástico, a pia enferrujada e o microondas suspenso na parede. Mas era naquele lugar, naquele purgatório com cheiro de manteiga e teto mofado, que sua inspiração lhe aparecia.
A secretária. Ahhh, a secretária! Ele a conheceu no mês anterior e, desde então, não a tirou mais da cabeça. Ele não sabia dizer o porquê. Talvez pelos seus olhos amendoados, ou seu cabelo sedoso. Quem sabe pela sua boca carnuda ou o seu perfume. Mas a secretária que freqüentava todo o dia, à mesma hora, a cozinha do escritório, fazia o seu dia de trabalho no inferno valer a pena.
Foram se acostumando, um com a presença do outro. Certo dia ela lhe emprestou a colherinha para ele mexer seu café. Foi o primeiro passo. E a cena ele jamais esquecerá: com movimentos circulares, ela formava um turbilhão negro na pequena xícara de porcelana, provava a escura bebida com receio de queimar os lábios. A colher entrava em sua boca com delicadeza e a abandonava fazendo com que seus lábios ainda abraçassem o objeto, parecendo que não queriam se separar.
Em cada manhã havia uma poesia. Uma comédia. Uma “Divina Comédia” digna de Dante. Ele entreva no inferno às 8:30h da manhã. Na metade do turno, passava ao purgatório minúsculo com cheiro de manteiga, e lá, aguardava a sua Beatriz, que lhe guiaria pelo paraíso de imagens que ele testemunhava com seus olhos fantasiosos.
Mas em um certo dia, entrando na cozinha, ele encontrou um aviso: “A CAFETEIRA ESTÁ ESTRAGADA.” Isso serviu para ele entrar em pânico. Esperou durante 45min. Sua deusa adentrar no recinto. Mas nada.
Ele se desesperou e desceu até o bar da esquina. Olhou em volta e reconheceu aqueles cabelos perto do balcão. Ficou observando e seu coração disparou. Mas quando a sua Beatriz se virou para o lado, buscando o açucareiro, mastigando um pastel vorazmente, ao lado de um velho que fazia jogo do bicho e tomava cerveja, ele despencou. Nada daquilo era pelo que ele havia se apaixonado. Aquela mulher, agora desconhecida, que sua imagem se confundia por entre os pôsteres de cerveja e as garrafas de cachaça expostas na parede, não era a mesma.
O desejo, a esperança, a fantasia, se foram pelo ralo da pia engordurada daquele bar e sua vida mudou. Com raiva, ele voltou à cozinha do escritório, quebrou o microondas e foi despedido. E nunca mais encontrou sua Beatriz.

ALTA FIDELIDADE
Robervaldson estava desempregado. Já havia feito de tudo na vida. Começou cedo, aos 12 anos ajudava o pai que era pedreiro. Aos 14 foi iniciado por um tio na arte da padaria. E assim por diante. Mas como a maior parte do povo brasileiro, ele perdeu o emprego e não conseguiu mais entrar no mercado de trabalho. Nem no informal.
Rober, como a sua mãe lhe chamava desde menino, comprava os classificados todos os domingos na esperança de achar uma oportunidade. Ele topava qualquer coisa: telemarketing, panfletagem, segurança.
Em uma tarde de domingo, após ver o clássico Paissandú e Internacional de Limeira pela televisão, Rober começou a folhear o jornal procurando uma oportunidade. Já desiludido pelos inúmeros anúncios inúteis, sua atenção foi chamada para o canto inferior direito da última página: Precisa-se de um segurança para trabalhar na zona norte 6h/dia. O trabalho é em uma residência e o candidato não precisa ter experiência. Interessados, comparecer amanhã na primeira hora da tarde na rua Moscowitz, 49. Nossa! Isso parecia muito interessante.
Na manhã seguinte Robervaldson acordou entusiasmado. Acendeu uma vela para o seu santo, botou sua melhor roupa, fez a barba, se perfumou e foi à luta.
- Amor, disse Rober para sua esposa, Lucélia. Tenho uma entrevista de emprego. Me deseja boa sorte.
- Pódexá, môre!, respondu sua esposa com um sorriso irônico e levantando a sobrancelha esquerda.
Depois de andar mais de cem quilômetros dentro da cidade, e pegar três ônibus para chegar à entrevista, Robervalson encontra uma bela casa na rua Moscowitz, 49.
Tocou o interfone e uma voz de mulher pediu para que ele entrasse. Subiu as escadas e a porta da grande casa se abriu.
- Boa tarde. Vim para a entrevis...., antes de acabar a frase, ele é surpreendido por uma linda loira de olhos azuis, seios fartos, lindas e compridas pernas à mostra e um sorriso infinito aberto no rosto.
- Boa tarde! Meu nome é Sheila. Fique à vontade. Pode sentar.
Robervaldson tremeu na base com tamanha loira à sua frente, mas encarou, da forma mais tranqüila possível, sentar ao lado daquela maravilhosa mulher que lhe tratava tão bem.
- Seu nome é...?
- Robervaldson Uóchinton da Silva, senhora.
- Nossa, que lindo nome! Parece nome de presidente da ....França! Posso te chamar de Rober? (* Obs1.: a loira confundiu Uóchinton com Washington e também confundiu o país. Deveria ser EUA).
- Pode sim senhora.
- Pois bem, Rober...hihihi. Você não está com calor?, perguntou a mulher se insinuando.
- Não dona, obrigado., respondeu ele suando feito um porco que entra no abatedouro.
- Rober...Uóchinton, né?
- Não dona, Robervaldson.
- Háaa, claro.
- Rober...uóchinton, a vaga que está aberta é para segurança. Meu segurança. Como a violência está muito, muito...(* Obs2.: nota-se aqui que o vocabulário da loira era estupidamente restrito) muito grande e eu sou uma mulher rica, bonita e...rica, resolvi contratar um segurança para me proteger. E parece que você faz o tipo de segurança que eu estou procurando.
Robervaldson, ainda que humilde, simplório, inocente e feio, notou que a sua futura empregada estava dando em cima dele. Mas, contrariando o que o seu instinto afirmava, ele tentou acreditar que ela estava apenas tentando ser simpática.
- Roberuóchinton...
- Robervaldson, dona.
- Ok...você é casado?
- Sou sim senhora!, respondeu ele se arrependendo da resposta quando acabou de dizer a frase.
- É casado então.
- Sim. É...ãhhh, sou sim.
- Então você é casado, mesmo?
- Sim....sou casado.
- É que estou atrás de um segurança...já lhe disse que você tem olhos muito bonitos?, interrompeu o assunto a mulher.
Rober já não entendia nada. “Meus olhos bonitos?”, ele pensou. Aqueles olhos opacos, cansados, com várias veias vermelhas dando a impressão que acabara de sair de uma piscina extremamente concentrada de cloro. Ele estava tremendamente sem jeito. Escondendo o rosto pela timidez, ele responde:
- Não senhora...não.
- Lindos olhos. Pois bem. Preciso de um segurança que passe muito tempo comigo. Que vá às compras comigo, que me leve ao clube, à academia, na casa das minhas amigas...assim, um guarda-costas, tipo naquele filme, com aquela mulher...e aquele ator...como se chamam? Celine Dion e o cara q eu fez Indiona Jones (Obs 3.: a loira sabia muuuuiito de cinema!).
- Sei sim.
- E que tenha mãos fortes, braços fortes, que seja forte.
Rober era muito magro. Mas ele sentiu que o elogio era para ele e a loira estava cada vez mais perto. Seu raciocínio foi interrompido:
- Você me acha gorda? Acha? Pode dizer. Vou dar uma voltinha, olha bem., a loira se levantou e começou a desfilar a um palmo do nariz de Robervaldison.
- Isshhhh, Nossa Senhora. O que eu tô fazendo aqui, resmungou ele.
- Eu acho minha bundo “meia” grande. O que você acha? E os meus seio...sabia que botei silicone? Quer tocar?
Rober estava suando frio. Estava muito nervoso. Não conseguia pronunciar nenhuma palavra. Mulher boa daquelas só havia visto na oficina do Zé Luis, seu amigo, e em pôster ainda.
A loira se insinuava ainda mais até que ela senta no colo dele, chega bem perto de seu ouvido e peregunta:
- Rober, você é tão sexy. O que você acha de irmos para um barzinho para conversarmos melhor. A faxineira está chegando e o aspirador de pó faz muito barulho. Vamos? Robervaldson concordou e eles foram no carro de Sheila para um bar ali perto.
Chegaram no bar e a loira continuou a lançar suas garras sobre o pobre desempregado. E ele estava caindo direitinho. Jamais uma mulher daquele porte havia lhe dado a atenção. Ainda mais aquele tipo de atenção.
- Rober, você é o meu tipo, sabia? Ele já estava completamente sem jeito:
- Não...não senhora.
- Nós podemos nos encontrar de noite...assim...gostoso. Em um lugarzinho, só nós. Ele engoliu seco aquele convite. Não sabia o que fazer, então pediu uma Coca-Cola.
A loira chegou bem perto dele e começou a lhe acariciar a cabeça, depois os braços. Lhe susurrava no ouvido. Rober já estava quase, mas quase, mas quase mesmo se entregando, quando Sheila olha para ele e diz:
- Está vendo aqiele espelho? Você acabou de participar do Teste de Fidelidade do joão Kléber. Dá um tchauzinho pra Lucélia, dá.
Robervaldson se sentindo o último da face da Terra, olhou para o espelho e falou:
- Oi amor.


- Pára tudo! Vocês viram que ele tocou na perna da moça! Como é que é, produção? Tiveram que cortar porque ele queria ir além? Como é? Ele queria mais, é?
O auditório vai à loucura. Lucélia estava no meio do palco olhando para o monitor e vendo o teste que ela arranjara para ver o quanto fiel era seu marido.
- Picachu...é agora! É agora. Entra Robervaldson!
Nesse momento, Rober entra no palco com uma cara de cachorro ladrão e com um buquê de rosas na mão. Se dirige à Jucélia e diz:
- Não é nada do que você está pensando. Foi uma brincadeira.
- Brincadeira? Eu vi você cantando aquela loira. Vi você olhando pros peito dela. Você pediu pra ela desfilar? Nunca me pediu isso!
- Mas Ju...meu amor!
- Não me chama de meu amor! Quero me separar. Não te quero mais. Isso é traição! Eu vi você passando a mão nela!
- Não foi nada disso!
Passaram cinco minutos discutindo em rede nacional. Jucélia começou a chorar e Robervaldison teve que lhe pedir perdão por algo que não fez. Ele não conseguiu o emprego e ainda teve que aturar a gozação “do pessoal da rua”. João Kléber bateu mais uma vez o recorde de audiência. E a loira, a Sheila, posou para uma revista masculina.

março 06, 2002

A BUNDA
Pelo fato de ser o que é, muitos não a dão o seu devido valor. A bunda absten-se da visão do futuro, vivendo apenas do passado. Tudo por ela, quando passa, já passou. E tudo passa, até mãos atrevidas que sismam em buliná-la quando bem encontrada.

Mas a bunda é linda. Eu gosto de bunda. Quando me perguntam qual é a primeira coisa que olho em uma mulher, respondo: depende, se estou abaixado em um ônibus lotado procurando uma moeda que caiu no chão e tenho que me segurar para não cair quando o motorista freia, são bundas. Muitas delas.

Bundas fizeram parte da infância de todos nós. Se lembram quando aquele colega que não gostávamos nos xingava de "cara-de-bunda"?
O que é um cara-de-bunda? Não faço a mínima idéia de alguém sem olhos, bochechas grandes e uma boca, no mínimo, muito estranha.

A minha proteção de tela que parece uma. Bem de perto. Na verdade é a foto de um eclipse solar.

E se o universo for uma grande bunda? E se o Sol for um grande, como diríamos, ânus seleste?
Tudo seria diferente: o modelo atômico teria pregas, o nome da estrada seria "Rota do C...", as cores do arco-íris seriam afetadas. Creio eu que até o tempo mudaria.

Mas infelizmente temos que nos contentar com a verdade. A realidade.
por Lucas A.

março 05, 2002

TROTE
Primeiro dia de aula na faculdade. Trote em todas as unidades. Meia dúzia de veteranos que se acham espertos invadindo salas lotadas de bixos e cobrando pedágio.
- Agora todo mundo em fila!, gritou a gordinha se achando superior.
Daí, sem um pio, o bando de adolescentes recém saídos do segundo grau se enfileiraram na parede, de cabeça baixa e olhos medrosos.
- Agora, os veteranos vão recolher cinco reais de cada um e, para vocês não fugirem, entreguem um calçado que o pessoal passará recolhendo. Fiquem tranqüilos que serão entregues no final da brincadeira. A gordinha gritava com muita gana. Essa era a vez da sua vingança. Ela passara por tudo isso no semestre passado.
Ouvindo a arruaça no corredor, formandos se aproximaram da fila de mulheres calouras e, olhando de cima a baixo com um sorriso irônico, faziam comentários em voz alta sobre os peitos de uma ou a bunda da outra.
Mas além de gorda, com a voz estridente, antipática e horrorosa, a gordinha que comandava a Gestapo universitária era sarcástica.
- Aquele ali tem uma perna mecânica! Arranquem a prótese dele, assim não tem como fugir! Hahahahaha.
- Cris, Cris, e aquelas irmãs siamesas? De quem eu tiro o sapato e quanto dinheiro recolho?
- Essas aí não têm vez. Tira os dois e cobra dez reais.
A gorda Cris não tinha a menor piedade.
por Lucas A.

fevereiro 17, 2002

Foi bom passar uma semana no interior do Rio Grande do Sul. Principalmente os três dias de abstensão total da televisão e rádio, sem luz durante a noite e acordando aos sons dos pássaros.
Mas estou aqui por poiuco tempo. Desculpem-me a displiscência mas estou de férias e em um momento de reflexão absoluta. Novidades somente em março.
Um abraço.
por LucAz.